segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Contato Virtual pela informação no combate a aids

Hoje eh 1 de dezembro. Dia mundial de luta contra a AIDS. O Hugo Siqueira, DJ de Brasília e membro da lista do Pragatecno, deixou de lado o simples discurso e partiu para a ação. Acreditando que a arte, especialmente a musica, pode sim ajudar as pessoas a se conscientizarem de um problema tão grave, juntou parceiros e colaboradores e criou junto com eles o Contato Virtual, um pool de sites que vai proporcionar um verdadeiro festival eletrônico de musica e imagem durante todo o dia de hoje com a participação de diversos DJs e Vjs, inclusive este que vos fala. Alem dos sets, vai ser possível encontrar na pagina também informações sobre saúde, prevenção, comentários de especialistas, dados epidemiológicos e muito mais. Essa bela iniciativa com certeza merece todo o nosso apoio. Então corra ate a pagina do Contato Virtual ouça os sets, se informe, ajude, divulgue, participe e dê uma forca pra esse projeto que vale muito a pena. O projeto esta bem bacana. Aqui

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Slow blogging

Bem, tenho me culpado bastante por postar tão pouco aqui. Sei que que muita gente associa blogs a tamagochis, que se não forem alimentados sempre e constantemente, morrem. Não sei se concordo com isso e para, de certa forma, aliviar um pouco a minha dor, vi isso hoje no bluebus. Vejam o que vocês acham.
"Vc já ouviu falar em 'slow blogging'? Paginas atualizadas sem urgência? É um movimento lançado em 2006 que prega a rejeiçao ao imediatismo, ao excesso de informaçao e velocidade. O New York Times tem uma matéria sobre o assunto - diz que o movimento é inspirado em outro, o 'slow food', que critica o fast food por destruir tradicoes locais e hábitos alimentares saudáveis. Assim como o pessoal do slow food acredita que a comida deve ser local, orgânica e sazonal, o pessoal do slow blogging vê blogs de noticias que publicam 50 posts por dia como um restaurante de fast food. Ou seja, acham que é bom para o consumo ocasional, mas nao sustentam a longo prazo. Os que praticam o slow blogging atualizam suas páginas com pouca frequência, publicam pensamentos, ensaios - sem pressa, sem urgência. Clique aqui para ler no NYT, em inglês. 25/11 Blue Bus

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Jazzanova - Secret Love 5

Produtores de mão cheia e pé ficando no soul e no nu jazz, os alemães do Jazzanova com certeza têm lugar garantido entre os mais respeitados da eletrônica. Sua casa – própria – é o selo Sonar Kollektiv, que além de lançar os releases do grupo, lança também os trabalhos de uma série de produtores da mais fina deep house produzida no planeta. Quem é de dentro sabe: nomes como Dixon, Âme, 4Hero, Recloose, Phonique, entre muitos outros que hoje estão em alta, passam frequentemente por aqui ajudando a construir a boa fama do selo.
Mas a coleção Secret Love foge um pouco de toda sonoridade normalmente associada ao Jazzanova. Isso porque a intenção inicial da banda era dar a sua idéia do que seria uma boa coletânea de folk com nomes, na maioria das vezes, desconhecidos, mas de grande potencial. E o resultado dessa idéia foi tão bom e vendeu tão bem que a série iniciada em 2004 já está no seu quinto volume. Se no começo o intuito era fechar no folk, com o passar dos anos o Secret Love foi abarcando outras sonoridades como o rock mais leve e ambiências eletrônicas da deep house com forte carga do soul, que é a especialidade da casa.
A questão aqui é: como conciliar materiais de espécies tão diferentes quanto a soul bossa “Deep Waters”do Recloose do pop rock setentista de “Love You Straight” do Pop Levi? Se poderia parecer um exercício estilístico dos mais intransponíveis para alguns djs, para o Jazzanova não é. Eles não só conciliam como o fazem em sequência, ajudando a difundir o que apelidaram de “new soul-folk”. Afinal, por que músicas muito boas de bandas tão dispares não poderiam estar juntas no mesmo playlist? É partindo desse conceito que o cd segue misturando a disco indie “Absynth” do Woolfie VS Projections com a enigmática “I Feel Electric” do The Rubies, que conta com a participação da cultuada cantora Feist nos vocais. Destaque também para os violinos e sintetizadores climáticos de “Broken Promises” do sensacional Quiet Village e para a canção “Estrela de Dos Caras” do Savath e Savalas, projeto do pessoal do Profuse 73. O folk de raiz, óbvio, não poderia mesmo faltar nessa edição e está bem representado aqui pelas belíssimas e tristes “Things I stole” do novato Choir of Young Believers e “Destruction of Ourselves” do irlandês Stee Downes, que fecha, com dignidade, o disco.
Com mais e mais djs abandonando a ortodoxia dos seus sets 4x4 pela necessidade de dar conta da diversidade de um mundo cada vez mais multicultural e interessante, a busca de convergências que sempre caracterizou o Jazzanova talvez seja uma chave para entender a ambição de ir além da fronteira originalmente traçada do folk. Secret Love 5 é uma boa coletânea com surpresas muito agradáveis que expressam claramente esse desejo. Yes, we can.

Para ouvir:
Para conhecer:
Para baixar:

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Deadbeats - Roots and Wire


Para quem ainda não conhece a história por trás do projeto Deadbeat, o seu novo lançamento, Roots and Wire, vai ser com certeza um excelente cartão de visitas.
Mais palatável e acessível do que o seu disco anterior, o sensacional Journey´s Annual, onde levava até as últimas conseqüências o seu atmosférico dub eletrônico com um pé fincado na Jamaica e outro no dub tecnho alemão, Roots and Wire revela um mix de culturas rico que nunca soa exótica ou meramente pitoresca. Há pesquisa profunda aqui e a mistura parece alcançar com precisão a síntese expressa no título do disco – Roots and Wire. Uma analogia do fio que une o ancestral ao digital em linha direta.
O Deadbeat é na verdade o produtor Scott Monteith, naturalmente canadense mas que atualmente vive em Berlin – como, me parece, mais ou menos 113 % das pessoas que fazem música atualmente na Europa. Roots and Wire é o seu sétimo lançamento e chega pelo selo canadense Wagon Repair, que tem em seu catálogo nomes bem conceituados como o Cobblestone Jazz, Minilogue, Ripperton e The Mole, entre outros.
Se no “Jornney’s” havia pouco espaço para as batidas 4x4, “Roots” parece se abrir mais para as possibilidades da pista de dança, agregando à fusão noções fundamentais da deep house e expandindo a dose de deep techno. O resultado, acredite, é incrivelmente coeso.
“Babylon Correction” abre os trabalhos com a atmosfera impregnada pelo cheiro de incenso e ganja. Um reggae letal que serve perfeitamente de introdução ao lado ‘raiz’ e prepara o ouvinte para os ‘fios’ que vêm a seguir. Na seqüência, surge o dub eletrônico “Rise”. Estruturalmente, é um dub como tantos outros, mas a riqueza de detalhes, o vocal marcante e o cuidado da produção fazem diferença aqui. É em “Deep Structure”, terceira faixa, que os aparentes contrastes parecem se unir para formar um discurso único. Pela primeira vez as batidas retas conduzem o groove e induzem à pista. Deep house de primeira. “Grounation” retoma o tribalismo presente em várias faixas anteriores do produtor para terminar num techno cheio de dub. Night Stepping volta ao som reto e se firma com uma ótima faixa de deep techno. O disco encerra com dois pontos altos: “Sun People (Dub Divisionaire)” e o excelente groove de “Xberg Ghosts”. É de maneira fluida que o Deadbeat vai transitando por diversos estilos, sempre com coerência e vontade de costurá-los todos mais como uma única camada de som do que como uma colcha de retalhos. Roots and Wire mostra que é possível fazer a tradição e a modernidade convergirem para o mesmo centro em prol de uma boa música.

Para ouvir:
http://www.myspace.com/deadbeatcomputermusic

Para baixar:
www.piratebay.org
www.mininova.org

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Air France - No Way Down


O Air France é uma das melhores bandas a sair da cena musical de Gotemburgo, Suécia, casa de novidades que têm deixando o cenário da música pop mais vibrante nos últimos anos. Para ser mais exato, o Air France não se trata de uma banda strictu sensu, mas sim de uma dupla, que se desdobra entre teclados, samples, etc. Suas músicas evocam um clima pop fortemente calcado na filosofia do ‘tudo pode’ das batidas balericas. Dançante, leve, iluminado como um dia solar, lançaram um dos melhores discos do ano: o ep No Way Down. Antes haviam lançado apenas outro ep On Trade Winds, de 2006, pelo selo Sinceraly Yours. Apesar de virem de um país tão frio, parecem querer com suas harmonias luminosas traduzir um clima de eterno verão. "Collapsing At Your Doorstep", que abre o disco, é um bom prenuncio da carga onírica que permeia o som que fazem. “Sort like a dream? No better” indaga repetitivamente uma voz infantil como se nos levasse para o meio de um sonho induzido por uma prazerosa hipnose musical. "June Evenings" vem a seguir com seu clima pop de traços orientais, metais marcantes, belas harpas e sintetizadores emulando uma luxuosa viajem que evoca o pôr do sol numa bela praia da Espanha. O dilema do quente e do frio parece impregnar os músicos e ser o foco da trama musical de “Maundy Thursday”, com sua pegada psicodélica a lá Primal Scream circa “Screamadelica”. Mas toda a seriedade e aparente frieza se desfaz sob o calor pop de “No Excuses”. Uma das melhores músicas feitas em 2008, com sua melodia pegajosa, dançante e cheia de um groove capaz de conquistar até ouvidos mais chatos.
Venho ouvindo esse cd há uns 3 meses direto e sempre quis comentá-lo aqui. A desculpa veio na forma do recém lançado clip da misteriosa música “Windmill Wedding”, que fecha o disco. Assim como a canção, que parece mais parte da trilha sonora de algum filme (de Bergman?), o clip também sai da tradicional formula e se parece mais com um belo curta. Merece ser visto. (Basta clicar aqui). Junto com o The Embassy – tema de um futuro post –, o Air France é um contraditório sopro de ar quente vindo da gélida Suécia, uma pequena revolução que alimenta as nossas esperanças numa época em que a originalidade na música parece mais afeita ao simples do que ao imponderável.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Duo Hilight

O Duo Hilight é formado por Jerônimo e Fabrício, também conhecido como Fx. Jerônimo é velho conhecido de quem frequenta a cena eletrônica de Salvador, mas hoje vive em São Paulo, onde iniciou o projeto. A princípio, o Duo seguia uma linha mais minimalista, que foi abandonando com o tempo em favor de outras influências como disco punk, o eletro, new wave dos 80 e, mais recentemente, a disco. Sua página no myspace reflete essa mudança de direção na sonoridade da banda, apresentando uma eletrônica viajante, percussiva, com toques de antigas trilhas de filmes de faroeste. Em breve, devem estar estreando um live p.a para rodar o circuito de clubes.

Para ouvir:
www.myspace.com/duohilight

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Apparat em Salvador

Com a notícia dada pelo rraurl de que o dj e produtor de eletrônica alemão Apparat vai fazer uma apresentação em Salvador no Kulturfest do Instituto Goethe em novembro, só me resta recomendar a quem ainda não ouviu a dar uma escutada no seu último álbum Walls (2007). Ao contrário das produções techno/minimal que caracterizaram seus 2 discos anteriores, esse é um trabalho com banda, mais pop, cheio canções melancólicas em tom menor e recheado de violões. O resultado é bem bom e vai ser legal conferir ao vivo. Para quem quiser saber detalhes da vinda é só acessar o rraurl

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"Parisian Goldfish" do Flying Lotus


Lembram quando falei que "Parisian Goldfish", do Flying Lotus, dava uma bela roda de break? Cheguei perto. O clip é quase isso, mas ainda melhor que a encomenda. Cheio de sexo explicito e flashes coloridos alucinantes. E o casal ai em cima bota qualquer fã de 'arrocha' pra corar. Para ver basta clicar aqui

Heartbreak - Lies / Ladyhawke - Ladyhawke



Ou como soar derivativo dos 80 se tornou uma importante atitude para ser cool nos 00.
Ladyhawke e Heartbreak. Dois projetos, duas histórias, mas que em comum carregam o fato de serem exemplos da nostalgia do futuro que vem impregnando a música pop atual. Hoje, nesse tipo de música, parece que tão importante quanto homenagear suas influências é ser iguais a elas. Nesse processo, onde a linha que separa o bom do ruim é bastante tênue, o mais comum é que se caia na armadilha de forjar um som apenas derivativo, que vale mais pelo que ele lembra, do que pelo que ele realmente é. Vele dizer que manipular influências como forma de criar algo novo é um dom, mas raro.
Pelas idades dos integrantes dos projetos aqui mostrados é possível falar que nenhum deles vivenciou os anos 80 full lenght. Então, num esforço contraditório para soarem o mais moderno possível, eles se apegam ao passado ‘remoto’ como formar de gritar as suas referências e impor certo respeito através delas.
O Heartbreak, duo anglo-argentino que lança seu primeiro disco, constrói uma trilha totalmente calcada na ítalo disco dos anos 80. Uma disco mais melancólica feita por produtores –principalmente do norte – da Itália como Giorgio Moroder, Casco, Albert One e Café Society (sul africano), que no começo dos anos 80 faziam a festa das ‘danceterias’ de todo mundo. O gênero viveu seu ápice entre 83 e 85 e depois se degenerou até se transformar na euro house – uma outra história...Atualmente, o som vem ganhando nova atenção e adeptos em Londres graças a noites de sucesso como Cocadisco e Disco Bloodbath.
Como sub-gênero, a ítalo disco influenciou pesadamente, com seus sintetizadores melódicos e semi-distorcidos, o som de bandas importantes como New Order, Depache Mode, Pet Shop Boys e Human League. Ecos de todas essas bandas e produtores podem ser ouvidos aqui em “Lies”, um disco que se aproveita de esquemas já usados, mas que não falha em entregar faixas prontas para mover pistas. Regret, que abre o disco, lembra Scissors Sisters nos vocais, “Robot’s got the feeling”, que com um bom remix vira hit fácil e “We are back” são destaques. Mas é só. O resto do disco é mais pretensão do que criação. Mais interessante é dar um click nos links acima e conhecer os originais.
Tirando seu nome do famoso filme dos anos 80 “Ladyhawk”, que aqui no Brasil se chamou “O Feitiço de Áquila”, a cantora australiana Pip Brown usa o seu primeiro álbum, homônimo, para render uma grande homenagem aos – adivinhem... – anos 80. Seu synthpoprock palatável tanto para rádios quantos para ipods mais indies, soa agradável aos ouvidos e diverte enquanto tenta simular uma leve rebeldia roqueira. O disco daria um compacto sensacional se só tivesse os hits “Paris is Burning” e “Dusk till Dawn”. Mas a seu favor conta o fato de ter outras faixas bem bacanas como “Manipulating Woman”, “Back of the Van” “Morning Dreams” e “Professional Suicide”, que parece bastante com “Believe Achieve” do Cansei de Ser Sexy. Um disco leve e legal de ouvir descompromissadamente. Se você não tiver problema com cópias, é claro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

TV on the Radio - Dear Science


Apesar de saudado por 10 entre 10 revistas e sites e blogs como um dos melhores discos de 2006, nunca consegui entender a razão do sucesso de Return to Cookie Montain, segundo disco do TV on the Radio. Para mim, suas músicas soavam experimentais demais, confusas e sem um foco definido, como uma bola de tênis num corredor frio quicando de parede em parede sem nunca acertar o seu alvo. A banda se atirava para todo lado sem explicitar exatamente o que queria. Talvez as letras, cheias de críticas, belas imagens e um tanto paranóicas, explicassem a atração que a banda exercia na crítica e em certos círculos de rock underground. Mas sem boas músicas, letras pop não são nada...Para muitos (os mais racistas) um motivo de atração vinha do fato da banda ser formada por quatro caras negros e um branco –, o que poderia soar exótico para alguns, mas não para mim. A verdade é que Return to Cookie Montain não bateu e o TVoR permanecia longe das minhas preferências. E a melhor definição que conseguia achar para eles vinha do jornal inglês The Guardian “música difícil feita mais para ser admirada do que amada”.
Pois bem, minha relação de desconfiança com a banda cessou desde a primeira audição do seu novo lançamento: Dear Science. Um disco focado, mais pop, altamente melódico, onde o experimentalismo – mínimo, diga-se – não soa nunca como uma atitude pedante, mas uma necessidade que casa perfeitamente com a intenção da música. Aqui, a proposta da banda parece mais clara, desde a bela faixa de abertura “Halfway Home” passando pelo drum’n’bass rocker de “Dancing Choose”, o impagável funk de “Golden Age”, o afro beat de “Red Dress” até o fechamento com “Lover’s Day”, nada é demais nem sobra na costura. Enfim, um grande disco que, ao contrário do anterior, merece estar em muitas listas de melhores do ano.

Para ouvir:

Para baixar:

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

MOMO - Buscador



Um dos melhores discos nacionais de 2008 tem nome de GPS, cheiro de anos 70, ecos de Clube da esquina e, acreditem, influência de Geraldo Azevedo. É Buscador, segundo disco do Momo (aka Marcelo Frota). Ele vem para salvar um ano pobre de bons lançamentos nacionais, de coisas que realmente valham a pena. É preciso ser pedra para não se encantar com esse folk mineiro-nordestino delicado e melancólico.
Ex-Fino Coletivo, Marcelo Frota resolveu seguir o seu caminho sozinho para ter tempo de divulgar seu projeto pessoal, o Momo. Acertou em cheio. Aqui, nada lembra a sua antiga
(e fraca) banda. O papo sai do groove forçado e sem graça do Fino para a introspecção de uma tarde cinzenta repleta de tristezas e sentimentos enviesados. Se o disco anterior, Estética do Rabisco, já chamava atenção por sua poesia tocante, esse chega para confirmar o seu talento.
Da primeira faixa “É preciso Ser Pedra” até a última “Fin” desfilam 10 belas canções capazes de surpreender ouvidos atentos e ávidos por substância musical de qualidade. Nelas, Momo é capaz de uma releitura personalista do folk e da MPB dos anos 60 e 70 que não se limita a baixar a cabeça para as suas influências.
“Se eu pudesse esconder toda amargura/ se eu pudesse mudar a direção/ Quando o peito me aperta eu me sinto criança/ me lembro do dia em que fomos irmãos” canta ele em “Irmãos”. Sua nostalgia é embalada por uma melodia que poderia estar no ‘disco do tênis’ de Lô Borges ou até mesmo no já citado Clube da Esquina.
Se as letras expõem as sua fraturas emocionais e deixa transparecer uma certa impotência em relação à tristeza, momentos de claro otimismo também são vistos por aqui. Um exemplo desse embate é - ironicamente - a excelente faixa “Tristeza”, onde ele se reafirma cantando versos como “...o sol nascerá...” e “tristeza de bar não vou te abraçar”. Melodia afinadíssima e guitarras psicodélicas acompanham essa delicada luta. Outro bom momento que merece destaque é o folk meio Beatles rural de “Se Você Vem”, com direito a palminhas e clima animado.
Costurando busca e dor no mesmo discurso, como faces diferentes da mesma moeda, o Momo fez um cd coeso, cheio de boas músicas e que merece uma boa ouvida.
Sabe toda aquela atenção que a mídia vem dando para artistas como Vanguart e Malu Magalhães? Deveriam dar pra esse cara.

Ps: O cd está disponível para ser baixado de graça até o dia 31/9 no site do Momo. Se eu fosse você baixava.

Pra ouvir:
http://www.myspace.com/momoproject

Para baixar:
http://www.listentomomo.com/index.php



quarta-feira, 17 de setembro de 2008

E nós chegamos ao fim


“Éramos mal-humorados e super remunerados. Nossas manhãs careciam de expectativas. Os que fumavam pelo menos tinham algo por que esperar às 10:15. A maioria gostava de quase todo mundo, uns poucos detestavam indivíduos específicos, um ou outro amavam a tudo e a todos. Os que amavam à todos eram unanimemente insultados. (...) Nossos benefícios eram espantosos em amplitude e qualidade. Às vezes questionávamos se valiam a pena. Pensávamos que mudar para a Índia poderia ser melhor, ou voltar para a escola de enfermagem. Fazer algo em prol dos deficientes ou trabalhar com as nossas próprias mãos. Ninguém jamais concretizou tais impulsos (...). Em vez disso, nos reuníamos em salas de conferência para discutir as questões do dia.”

Assim começa o livro “E nós chegamos ao fim” do escritor americano Joshua Ferris, recém lançado no Brasil pela Nova Fronteira. O autor narra com acidez e fino sarcasmo o cotidiano de uma agência de publicidade. Principalmente o setor que normalmente é chamado cérebro da empresa: o departamento de criação. Suas personagens, extremamente realistas, são publicitários frustrados, individualistas e à beira de um ataque de nervos com o estouro da bolha das empresas .com. Todos temem que a crise econômica advinda daí ceife seus cargos e os ótimos salários e benesses a que estão acostumados. Com uma prosa precisa, fluida, sem carregar em estilismos, o escritor vai construindo um ambiente onde o pânico e a paranóia da demissão imperam, pois ninguém quer ser próximo da lista. Longe de fazer um livro corporativo, Ferris mostra com a sua escrita um universo cruel, uma realidade onde o indivíduo existe para ser empurrado ao limite, na maioria das vezes pela dominante filosofia do consumismo. Aqui não há só algozes nem só vitimas. Ambos se equiparam. Uma saída possível seria retomar os ideais de liberdade e volta ao essencial, à natureza de escritores como Whitman, Thureau e Emerson – citado no início do livro.
Algumas passagens são de um humor negro desconcertante. Como o caso da filha de uma das funcionárias da agência que é seqüestrada. Nessa hora, todos na criação se unem para fazer o cartaz de ‘procura-se’ com a foto da menina. Só que descobrem que na foto o sorriso dela é meio torto e perdem horas na frente do computador usando photoshop para corrigir o que eles consideram uma imperfeição. No final, descobre-se que a menina foi morta e encontrada num terreno baldio em um saco plástico.
Nick Hornby elogiou o cara apontando-o como uma mistura de Kafka com a série The Office. O NY Times colocou o livro entre os seus 10 melhores do ano. Eu só posso dizer que é um livro altamente devorável feito para ler com o maior prazer.

domingo, 14 de setembro de 2008

++









Por hora é o que está rolando nas ++ do tocador. Tem coisas muito legais sem nenhuma história como o Empire of the Sun, músicas fantásticas de discos idém, como as do Lil. Wayne, coisas que não saem do play desde que ouvi pela primeira vez como o disco de Erykah Badu e coisas antigas recém descobertas como o Pnau, cujo disco é todo muito bom.



Tem coisas novas sobre as quais ainda não me convenci como Metronomy (gosto menos) e Late of Pier (gosto mais), que, independente da irregularidade dos cds que lançaram, têm faixas muito boas, como as que estão aqui. E, finalmente, musica clássica para a qual se volta sempre: Fela Kuti e Marcos Valle.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Solomon

Solomon, dj e produtor,  é o cara por trás de um dos selos mais bacanas de deep house, o Diynamic, sediado na Alemanha. Seu som é uma deep mais próxima do tech e do minimal, mas melodica e com alma. Antes de ter o seu próprio selo, gravou pelos respeitados Sonar Kollektiv, Compost e Dessous. Ele deu essa boa entrevista ao blog tricky disco . Basta clicar no link do blog para ler.    

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jimpster - Rmeixes

Jimpster é um dos caras mais criativos da house music. Desde os seus momentos mais deep, até quando transita por estilos  diversos (broken beat, nu jazz) nunca perdeu o rebolado da “real house music”. Lançou uma das melhores faixas de deep house do ano “Momma’s Groove” de incendiar qualquer pistão. Basta baixar a agulha para o efeito devastação ser sentido. Em 2008, o DJ, que é dono do Freerange Reords, lançou também Rmeixes, um cd duplo (um deles mixado) com seus remixes de 2004 a 2008. Aqui podemos vê-lo imprimindo o seu estilo sutil mas cheio de groove em músicas de nomes respeitados na cena como Iz & Diz, Akabu, Lo:Rise, Motorcitysoul e Hipp-e, entre outros.  Numa época em que as releituras da disco, o eletro indie e o minimal já não representam mais grandes novidades pelo desgaste excessivo do hype, é salutar voltar a nomes com história e substância como o de Jimpster para relembrar o que é boa música de pista sem apelos nem modismos. Para quem, como eu, é fanático pelo melhor da house esse disco é imperdível. A cura perfeita para os afastar os minimals e eltrohouses da vida  que insistem em povoar cases de montanhas de DJs. 

Para ouvir:

http://www.myspace.com/jimpster

 

Para baixar:

http://www.mininova.org/

http://thepiratebay.org/

 

Ted & Francis

Ted & Francis é um projeto paralelo do pessoal do Like Woah!.
Formados na Austrália, ambos transitam no campo do eletro/synth pop que já se tornou a marca registrada do som feito naquele país, casa do Cuty Copy, Midnight Juggernauts, Presets, etc. Ao contrário do Like Woah, mais eletrônico, sintético, o Ted & Francis aposta muito mais na força das melodias e nos vocais pop. Recentemente assinaram com o selo francês Kitsuné e integram a 6ª coletânea da gravadora – prestes a ser lançada e nomeada como The Melodic One.
A Kitsuné é conhecida por ser ponto de referência para muita gente, mas atualmente anda em baixa entre os fãs por conta de uma repetitividade meio indulgente no que anda produzindo. O Ted & Francis é uma boa aposta. O som pode não ser algo que vai mudar o mundo, mas, dançante e pra cima, dá um certo refresh na formula do estilo que fazem. Ficaram conhecidos nos blogs de música pela faixa “Erlend”. Além dela, há poucas informações sobre o projeto na net e apenas 3 faixas disponíveis no myspace deles. Não sei se vai vingar, mas vale a pena dar uma escutada, pois tem potencial para tanto.

Para ouvir:
http://www.myspace.com/tedandfrancis

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Armandinho no Justice?

Quem conhece o carnaval da Bahia sabe que tem umas horas no desfile de trios em que figuras como Armandinho, Pepeu Gomes e até mesmo Cid Guerreiro (ilari-lari-lariê) tentam mostrar seus dotes guitarrísticos e algum conhecimento de “rock” em “altos” solos de guitarra no meio da festa de momo. Geralmente é um momento saco em que ninguém dança, todo mundo finge ser eclético e super aberto a novas tendências no reino da axé-music. Esses solos geralmente são super ‘inspirados’ no virtuosismo de grandes “feras” do rock como Jimmy Page, Richie Blackmore e até Malmsteen (Durval do Asa...). Bem, parece que o Justice ouviu uma dessas sessions e resolveu fazer uma música super inspirada nos caras: Planisphere. É dividida em partes 1, 2, 3 e final (sinfonia?) e a parte final é exatamente a que mais tem cara de Cid Guerreiro.  Alias, o Justice nessa de ser roqueiro as vezes vira uma coisa meio hard farofa...  

Para ouvir:

http://www.myspace.com/etjusticepourtous



terça-feira, 2 de setembro de 2008

The Twelves - Episode II

Para quem, assim como eu, gosta de um bom synth pop (Cut Copy, Russ Chimes) tem o Episode II, o novo mix do The Twelves, dupla de Niterói, no Rio, que está em rápida ascensão na cena mundial. Como remixadores de outras bandas ou nas próprias composições, os caras demonstram cuidado, um senso melódico finíssimo, apuro técnico e musical. Já fizeram remixes para Black Kids, M.I.A., Erlend Oye e Kylie Minogue, entre outros nomes famosos. Suas músicas mais recentes “Work for Me” e “When You Walk” são de uma beleza solar impressionante. Perfeitas para rolar a caminho da praia ou no final de uma noite de farra onde tudo deu certo. Pena que ainda não têm um cd lançado - que deve chegar em breve, provavelmente pela australina Modular. Por enquanto ficamos com Episode II, o mix, que traz alguns dos trabalhos da banda e hits de nomes já consagrados na cena de rock independente e eletrônica. Confira o tracklist:

01 Zeigeist - Humanitarianism (The Twelves Remix Replay)
02 Radiohead - Reckoner (The Twelves Replay)
03 Mirwais - Naive Song
04 Of Montreal - Gronlandic Edit
05 David E. Sugar - To Yourself
06 The Virgins - Rich Girls (The Twelves Remix Replay)
07 Daft Punk - Voyager
08 Jupiter - CHIP
09 Fleet Foxes - White Winter Hymnal (The Twelves Replay)
10 Metronomy - Heartbreaker
11 The Twelves - Works for Me (The Twelves Replay)
12 Lykke Li - Dance Dance Dance (The Twelves Replay)

Para ouvir:
http://www.myspace.com/thetwelves

Para baixar o mix:
Episode II

Little Boots e Fan Death - Já vi esse filme antes...

Fuja, corra, passe bem longe de dois hypes que estão bombando na blogosfera e já estão sendo vendidos como lançamentos mais quentes do ano: Fan Death e Little Boots. Em ambos os casos é o velho e manjado efeito cascata. Um blog bem reputado vê alguma graça na coisa, quer sair como lança-tendências e vende sua descoberta pelo que acha que ela vale. Os outros blogs seguidores lêem ali, acreditam na coisa e servem como evangelistas, espalhando aos quatro cantos a novidade. Pois bem, dentro da lógica do buzz, esses dois projetos são as sensações da hora. O primeiro, Fan Death, emula uma nu-disco (a onda do momento entre os jovenzinhos hipsters que cansaram da nu-rave) modorrenta, cheia de violinos pegajosos e vocais de uma dupla feminina de voz bem rasa e sem graça. Um mero derivativo de Hercules & the Love Affair, mas sem o mesmo talento. A segunda, Little Boots, é só um pouco melhor, mas nada do que estão dizendo. Exceto por uma boa música “Stuck on Repeat”, produzida pelo vocalista/tecladista do Hot Chip, não tem muito a acrescentar a ninguém. Tem um set dela rodando pela net e podemos perceber que como DJ ela se sai bem melhor que compositora. Nenhuma das duas tem ainda lançamentos dignos do nome que estão fazendo. Meu conselho é: a essas apostas, prefira uma outra, também precoce, bem mais interessante, Ladyhawk, uma espécie de Kim Carnes do eletro-rock. Para quem quiser conferir as “novidades”, estão ai os links:

Para ouvir:
http://www.myspace.com/ladyhawkerock
http://www.myspace.com/littlebootsmusic
http://www.myspace.com/fandeath

domingo, 31 de agosto de 2008

Fleet Foxes

Lembra daquela história de rock rural? Pois bem, o Fleet Foxes passeia por esse campo. E com perfeição.
A banda é formada por 5 caras de Seattle, terra do Nirvana e do indefectível grunge, lança pelo Sub pop, mas segue uma linha completamente oposta. Ao invés do tédio dilacerante e da angustia do fim da infância, da necessidade de encarar uma vida de responsabilidades e problemas, aqui predomina uma busca pelo desejo de quietude e paz. Uma fuga da realidade tecnológica massacrante para um mundo idealisticamente rural. Como diria, ironicamente, o Husker Du: zen-arcade. O bucolismo de músicas emblemáticas como “Meadowlarks”, “Tiger Montain Pesant Song” e até mesmo “English House” (do ep de estréia da banda “Sun Giant”) deixam isso bem claro. O folk é a pedra fundamental na construção desse som. Uma contextura sonora delicada que nos transporta para esse universo campestre onde a banda escolheu se refugiar.
O “sol oscilante na limpidez dourada do céu” de que eles falam na faixa de abertura do disco, “Sun it Rises”, se traduz na trama dos violões dedilhados com apuro e cuidado. Echos de Byrds, Fairport Convention, Love, Simon & Garfunkel, Joni Mitchell, Crosby Stills & Nash, Buffalo Springfield, Neil Young e Beach Boys são ouvidos em todas as musicas. A esse universo folk dos anos 60 e 70, influências assumidas pelos integrantes - que dizem ter crescido ouvindo os discos dos pais - a banda acrescenta ainda sonoridades que remontam à música medieval. Essa, aliás, foi a primeira coisa que me chocou positivamente no som do Fleet Foxes. E a pintura de Pieter Bruegel na capa do disco deixa bem clara essa influência. Se todo esse escapismo pode parecer numa primeira leitura com sintoma de um hippismo tardio, na prática se converte numa posição clara dos caras de demarcar seu espaço a partir de suas influências sem mascará-las com pretensas doses de modernismo. Algo bastante incomum na cena hoje em dia - principalmente após a ascensão do “eletroindie”.
O cd atinge o seu ápice numa sequência matadora de músicas belíssimas, que começa com a já citada “Tiger Mountain...”, “Quiet Houses” - onde percebo ecos de Clube da Esquina e da cena mineira dos anos 70 - e “He Doesn’t Know Why”. Mas tem mais. Tem a delicadeza instrumental de “Heard Them Stirring”, o lamento de “Your Protector” e o universo ‘blackbyrdiano’ a La Beatles de “Meadowlarks”. Os vocais harmonizam com perfeição e virtuosismo raros em bandas de rock atuais transformando a audição em uma experiência quase gospel.
Com apenas 2 lançamentos, talvez ainda seja cedo para dizer, mas o Fleet Foxes parece bastante empenhado em construir um interessante ponto de fuga dentro do beco sem saída em que transformou o folk. Pode acreditar.

Para ouvir:
http://www.myspace.com/fleetfoxes

Para conhecer mais:
http://www.subpop.com/bio/fleet_foxes

Para baixar:
http://www.mininova.org/
http://thepiratebay.org/

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Flying Lotus - Los Angeles

Não conhecia o Flying Lotus. Faz pouco tempo que fomos apresentados. Mas de uma coisa pode ter certeza: capturar minha atenção sonora com tanta rapidez não é tarefa fácil. Mas ele conseguiu.
Primeiro vamos às devidas apresentações. Um pouco que sei sobre o cara por trás do projeto. Seu nome é Steven Ellison, mora em Winnetka, Califórnia, e é sobrinho de Alice Coltrane - esposa, colaboradora e guardiã do legado do Coltrane que você deve estar imaginando, o John, gênio do jazz que dispensa apresentações. Para sobreviver Steve se vira como DJ e já fez muita trilha - a maioria não creditada a ele - para o divertido cartoon Adult Swim.
Flying Lotus se define como produtor de hip hop, mas sua musicalidade vai além, muito além. Incorporando à carga genética do jazz que traz no sangue, o funk e r&b dos anos 70, o experimentalismo abstrato do IDM, as visões de futurismos nublados do muzak pop dos anos 60 e, claro, os fundamentos do mais underground hip hop, pois sem ele a coisa não funcionaria. O som resultante dessa gama de influências cabe perfeito sob o rótulo (de qualidade, diga-se) Warp, uma das mais prestigiadas gravadoras independentes do mundo. Na estante da sua casa dedicada ao selo - ah, vai, toda casa tem uma...- , seus discos poderiam figurar ao lado dos Profuse 73, Nightmares on Wax, Jamie Lidell e, até mesmo, nos momentos de ambiências mais pastorais, Boards of Canadá. Também é bastante associado aos igualmente underground hips Madlib e J Dilla.
O seu mais novo lançamento chama-se Los Angeles, e junto com o seu cd sua estréia 1983 (2006) e os eps Reset (2007) e L.A Ep 1x3 (2008) compõem a sua discografia.
Em Los Angeles, Flyin Lótus aprofunda as experimentações do 1983. Seus teclados soam ainda mais viajantes e os seus samplers pouco orgânicos são distorcidos até alcançarem uma certa dramaticidade musical. O resultado, ao contrário do que se possa imaginar pela descrição, é belo. Surpreendente e de uma leveza capaz de sensibilizar uma alma cansada e musicalmente cética, como a minha...
O disco abre com a climatologia em alta rotação de faixas como “Brainfeeder” e “Breath . Something/ Sellar Star”. A partir daí arquitetura sonora vai sendo manufaturada gradual e cuidadosamente para que você seja absorvido por esse universo de sons envolventes e misteriosos. Para quem já conhece, as comparações com os momentos mais instigantes do Profuse 73 são inevitáveis. O universo rítmico que gerou o artista ganha corpo em faixas como “Melt!” e “Comet Course”. A primeira mais tribal, a segunda jazzy e sincopada. Beats sintéticos e texturas oníricas sobressaem ainda mais em “Golden Godiva”. Fluxo musical. Chiados de vinil antigo e frequências de rádios mal sinalizadas, como se captadas de um espaço distante, perpassam a maioria das faixas. Pela minha leitura soam como lembranças de fundamentos do hip hop old school os chiados. As freqüências mal sintonizadas remetem ao estado atual das nossas rádios num dial infectado e dominado por tanto lixo musical. Na sequência, o popismo cerebral de “Parisian Goldfish” surge encantador, calorento, dançante e perfeito até para uma disputada roda de break – underground!
O disco fecha com a sutileza jazzy, noturna, de “Testament” evocando uma Billie Holiday ambígua nos vocais de Gonja Sufi e o singelo lulaby de “Autie’s Lock/ Infinito”. Depois disso, o som evapora, o silêncio toma conta, mas aí, sorry, você já foi capturado. Flaying Lotus. Vale muito a pena conhecer.

Para ouvir:
http://www.myspace.com/flyinglotus

Para conhecer mais e jogar:
http://www.flying-lotus.com/destroy/