quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Heartbreak - Lies / Ladyhawke - Ladyhawke



Ou como soar derivativo dos 80 se tornou uma importante atitude para ser cool nos 00.
Ladyhawke e Heartbreak. Dois projetos, duas histórias, mas que em comum carregam o fato de serem exemplos da nostalgia do futuro que vem impregnando a música pop atual. Hoje, nesse tipo de música, parece que tão importante quanto homenagear suas influências é ser iguais a elas. Nesse processo, onde a linha que separa o bom do ruim é bastante tênue, o mais comum é que se caia na armadilha de forjar um som apenas derivativo, que vale mais pelo que ele lembra, do que pelo que ele realmente é. Vele dizer que manipular influências como forma de criar algo novo é um dom, mas raro.
Pelas idades dos integrantes dos projetos aqui mostrados é possível falar que nenhum deles vivenciou os anos 80 full lenght. Então, num esforço contraditório para soarem o mais moderno possível, eles se apegam ao passado ‘remoto’ como formar de gritar as suas referências e impor certo respeito através delas.
O Heartbreak, duo anglo-argentino que lança seu primeiro disco, constrói uma trilha totalmente calcada na ítalo disco dos anos 80. Uma disco mais melancólica feita por produtores –principalmente do norte – da Itália como Giorgio Moroder, Casco, Albert One e Café Society (sul africano), que no começo dos anos 80 faziam a festa das ‘danceterias’ de todo mundo. O gênero viveu seu ápice entre 83 e 85 e depois se degenerou até se transformar na euro house – uma outra história...Atualmente, o som vem ganhando nova atenção e adeptos em Londres graças a noites de sucesso como Cocadisco e Disco Bloodbath.
Como sub-gênero, a ítalo disco influenciou pesadamente, com seus sintetizadores melódicos e semi-distorcidos, o som de bandas importantes como New Order, Depache Mode, Pet Shop Boys e Human League. Ecos de todas essas bandas e produtores podem ser ouvidos aqui em “Lies”, um disco que se aproveita de esquemas já usados, mas que não falha em entregar faixas prontas para mover pistas. Regret, que abre o disco, lembra Scissors Sisters nos vocais, “Robot’s got the feeling”, que com um bom remix vira hit fácil e “We are back” são destaques. Mas é só. O resto do disco é mais pretensão do que criação. Mais interessante é dar um click nos links acima e conhecer os originais.
Tirando seu nome do famoso filme dos anos 80 “Ladyhawk”, que aqui no Brasil se chamou “O Feitiço de Áquila”, a cantora australiana Pip Brown usa o seu primeiro álbum, homônimo, para render uma grande homenagem aos – adivinhem... – anos 80. Seu synthpoprock palatável tanto para rádios quantos para ipods mais indies, soa agradável aos ouvidos e diverte enquanto tenta simular uma leve rebeldia roqueira. O disco daria um compacto sensacional se só tivesse os hits “Paris is Burning” e “Dusk till Dawn”. Mas a seu favor conta o fato de ter outras faixas bem bacanas como “Manipulating Woman”, “Back of the Van” “Morning Dreams” e “Professional Suicide”, que parece bastante com “Believe Achieve” do Cansei de Ser Sexy. Um disco leve e legal de ouvir descompromissadamente. Se você não tiver problema com cópias, é claro.

Nenhum comentário: