sexta-feira, 19 de setembro de 2008

MOMO - Buscador



Um dos melhores discos nacionais de 2008 tem nome de GPS, cheiro de anos 70, ecos de Clube da esquina e, acreditem, influência de Geraldo Azevedo. É Buscador, segundo disco do Momo (aka Marcelo Frota). Ele vem para salvar um ano pobre de bons lançamentos nacionais, de coisas que realmente valham a pena. É preciso ser pedra para não se encantar com esse folk mineiro-nordestino delicado e melancólico.
Ex-Fino Coletivo, Marcelo Frota resolveu seguir o seu caminho sozinho para ter tempo de divulgar seu projeto pessoal, o Momo. Acertou em cheio. Aqui, nada lembra a sua antiga
(e fraca) banda. O papo sai do groove forçado e sem graça do Fino para a introspecção de uma tarde cinzenta repleta de tristezas e sentimentos enviesados. Se o disco anterior, Estética do Rabisco, já chamava atenção por sua poesia tocante, esse chega para confirmar o seu talento.
Da primeira faixa “É preciso Ser Pedra” até a última “Fin” desfilam 10 belas canções capazes de surpreender ouvidos atentos e ávidos por substância musical de qualidade. Nelas, Momo é capaz de uma releitura personalista do folk e da MPB dos anos 60 e 70 que não se limita a baixar a cabeça para as suas influências.
“Se eu pudesse esconder toda amargura/ se eu pudesse mudar a direção/ Quando o peito me aperta eu me sinto criança/ me lembro do dia em que fomos irmãos” canta ele em “Irmãos”. Sua nostalgia é embalada por uma melodia que poderia estar no ‘disco do tênis’ de Lô Borges ou até mesmo no já citado Clube da Esquina.
Se as letras expõem as sua fraturas emocionais e deixa transparecer uma certa impotência em relação à tristeza, momentos de claro otimismo também são vistos por aqui. Um exemplo desse embate é - ironicamente - a excelente faixa “Tristeza”, onde ele se reafirma cantando versos como “...o sol nascerá...” e “tristeza de bar não vou te abraçar”. Melodia afinadíssima e guitarras psicodélicas acompanham essa delicada luta. Outro bom momento que merece destaque é o folk meio Beatles rural de “Se Você Vem”, com direito a palminhas e clima animado.
Costurando busca e dor no mesmo discurso, como faces diferentes da mesma moeda, o Momo fez um cd coeso, cheio de boas músicas e que merece uma boa ouvida.
Sabe toda aquela atenção que a mídia vem dando para artistas como Vanguart e Malu Magalhães? Deveriam dar pra esse cara.

Ps: O cd está disponível para ser baixado de graça até o dia 31/9 no site do Momo. Se eu fosse você baixava.

Pra ouvir:
http://www.myspace.com/momoproject

Para baixar:
http://www.listentomomo.com/index.php



Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente. E concordo mais plenamente ainda com a última afirmação.