sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Deadbeats - Roots and Wire


Para quem ainda não conhece a história por trás do projeto Deadbeat, o seu novo lançamento, Roots and Wire, vai ser com certeza um excelente cartão de visitas.
Mais palatável e acessível do que o seu disco anterior, o sensacional Journey´s Annual, onde levava até as últimas conseqüências o seu atmosférico dub eletrônico com um pé fincado na Jamaica e outro no dub tecnho alemão, Roots and Wire revela um mix de culturas rico que nunca soa exótica ou meramente pitoresca. Há pesquisa profunda aqui e a mistura parece alcançar com precisão a síntese expressa no título do disco – Roots and Wire. Uma analogia do fio que une o ancestral ao digital em linha direta.
O Deadbeat é na verdade o produtor Scott Monteith, naturalmente canadense mas que atualmente vive em Berlin – como, me parece, mais ou menos 113 % das pessoas que fazem música atualmente na Europa. Roots and Wire é o seu sétimo lançamento e chega pelo selo canadense Wagon Repair, que tem em seu catálogo nomes bem conceituados como o Cobblestone Jazz, Minilogue, Ripperton e The Mole, entre outros.
Se no “Jornney’s” havia pouco espaço para as batidas 4x4, “Roots” parece se abrir mais para as possibilidades da pista de dança, agregando à fusão noções fundamentais da deep house e expandindo a dose de deep techno. O resultado, acredite, é incrivelmente coeso.
“Babylon Correction” abre os trabalhos com a atmosfera impregnada pelo cheiro de incenso e ganja. Um reggae letal que serve perfeitamente de introdução ao lado ‘raiz’ e prepara o ouvinte para os ‘fios’ que vêm a seguir. Na seqüência, surge o dub eletrônico “Rise”. Estruturalmente, é um dub como tantos outros, mas a riqueza de detalhes, o vocal marcante e o cuidado da produção fazem diferença aqui. É em “Deep Structure”, terceira faixa, que os aparentes contrastes parecem se unir para formar um discurso único. Pela primeira vez as batidas retas conduzem o groove e induzem à pista. Deep house de primeira. “Grounation” retoma o tribalismo presente em várias faixas anteriores do produtor para terminar num techno cheio de dub. Night Stepping volta ao som reto e se firma com uma ótima faixa de deep techno. O disco encerra com dois pontos altos: “Sun People (Dub Divisionaire)” e o excelente groove de “Xberg Ghosts”. É de maneira fluida que o Deadbeat vai transitando por diversos estilos, sempre com coerência e vontade de costurá-los todos mais como uma única camada de som do que como uma colcha de retalhos. Roots and Wire mostra que é possível fazer a tradição e a modernidade convergirem para o mesmo centro em prol de uma boa música.

Para ouvir:
http://www.myspace.com/deadbeatcomputermusic

Para baixar:
www.piratebay.org
www.mininova.org

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Air France - No Way Down


O Air France é uma das melhores bandas a sair da cena musical de Gotemburgo, Suécia, casa de novidades que têm deixando o cenário da música pop mais vibrante nos últimos anos. Para ser mais exato, o Air France não se trata de uma banda strictu sensu, mas sim de uma dupla, que se desdobra entre teclados, samples, etc. Suas músicas evocam um clima pop fortemente calcado na filosofia do ‘tudo pode’ das batidas balericas. Dançante, leve, iluminado como um dia solar, lançaram um dos melhores discos do ano: o ep No Way Down. Antes haviam lançado apenas outro ep On Trade Winds, de 2006, pelo selo Sinceraly Yours. Apesar de virem de um país tão frio, parecem querer com suas harmonias luminosas traduzir um clima de eterno verão. "Collapsing At Your Doorstep", que abre o disco, é um bom prenuncio da carga onírica que permeia o som que fazem. “Sort like a dream? No better” indaga repetitivamente uma voz infantil como se nos levasse para o meio de um sonho induzido por uma prazerosa hipnose musical. "June Evenings" vem a seguir com seu clima pop de traços orientais, metais marcantes, belas harpas e sintetizadores emulando uma luxuosa viajem que evoca o pôr do sol numa bela praia da Espanha. O dilema do quente e do frio parece impregnar os músicos e ser o foco da trama musical de “Maundy Thursday”, com sua pegada psicodélica a lá Primal Scream circa “Screamadelica”. Mas toda a seriedade e aparente frieza se desfaz sob o calor pop de “No Excuses”. Uma das melhores músicas feitas em 2008, com sua melodia pegajosa, dançante e cheia de um groove capaz de conquistar até ouvidos mais chatos.
Venho ouvindo esse cd há uns 3 meses direto e sempre quis comentá-lo aqui. A desculpa veio na forma do recém lançado clip da misteriosa música “Windmill Wedding”, que fecha o disco. Assim como a canção, que parece mais parte da trilha sonora de algum filme (de Bergman?), o clip também sai da tradicional formula e se parece mais com um belo curta. Merece ser visto. (Basta clicar aqui). Junto com o The Embassy – tema de um futuro post –, o Air France é um contraditório sopro de ar quente vindo da gélida Suécia, uma pequena revolução que alimenta as nossas esperanças numa época em que a originalidade na música parece mais afeita ao simples do que ao imponderável.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Duo Hilight

O Duo Hilight é formado por Jerônimo e Fabrício, também conhecido como Fx. Jerônimo é velho conhecido de quem frequenta a cena eletrônica de Salvador, mas hoje vive em São Paulo, onde iniciou o projeto. A princípio, o Duo seguia uma linha mais minimalista, que foi abandonando com o tempo em favor de outras influências como disco punk, o eletro, new wave dos 80 e, mais recentemente, a disco. Sua página no myspace reflete essa mudança de direção na sonoridade da banda, apresentando uma eletrônica viajante, percussiva, com toques de antigas trilhas de filmes de faroeste. Em breve, devem estar estreando um live p.a para rodar o circuito de clubes.

Para ouvir:
www.myspace.com/duohilight