quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Air France - No Way Down


O Air France é uma das melhores bandas a sair da cena musical de Gotemburgo, Suécia, casa de novidades que têm deixando o cenário da música pop mais vibrante nos últimos anos. Para ser mais exato, o Air France não se trata de uma banda strictu sensu, mas sim de uma dupla, que se desdobra entre teclados, samples, etc. Suas músicas evocam um clima pop fortemente calcado na filosofia do ‘tudo pode’ das batidas balericas. Dançante, leve, iluminado como um dia solar, lançaram um dos melhores discos do ano: o ep No Way Down. Antes haviam lançado apenas outro ep On Trade Winds, de 2006, pelo selo Sinceraly Yours. Apesar de virem de um país tão frio, parecem querer com suas harmonias luminosas traduzir um clima de eterno verão. "Collapsing At Your Doorstep", que abre o disco, é um bom prenuncio da carga onírica que permeia o som que fazem. “Sort like a dream? No better” indaga repetitivamente uma voz infantil como se nos levasse para o meio de um sonho induzido por uma prazerosa hipnose musical. "June Evenings" vem a seguir com seu clima pop de traços orientais, metais marcantes, belas harpas e sintetizadores emulando uma luxuosa viajem que evoca o pôr do sol numa bela praia da Espanha. O dilema do quente e do frio parece impregnar os músicos e ser o foco da trama musical de “Maundy Thursday”, com sua pegada psicodélica a lá Primal Scream circa “Screamadelica”. Mas toda a seriedade e aparente frieza se desfaz sob o calor pop de “No Excuses”. Uma das melhores músicas feitas em 2008, com sua melodia pegajosa, dançante e cheia de um groove capaz de conquistar até ouvidos mais chatos.
Venho ouvindo esse cd há uns 3 meses direto e sempre quis comentá-lo aqui. A desculpa veio na forma do recém lançado clip da misteriosa música “Windmill Wedding”, que fecha o disco. Assim como a canção, que parece mais parte da trilha sonora de algum filme (de Bergman?), o clip também sai da tradicional formula e se parece mais com um belo curta. Merece ser visto. (Basta clicar aqui). Junto com o The Embassy – tema de um futuro post –, o Air France é um contraditório sopro de ar quente vindo da gélida Suécia, uma pequena revolução que alimenta as nossas esperanças numa época em que a originalidade na música parece mais afeita ao simples do que ao imponderável.

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